O ARTESANATO NÃO É UM “ENTRETÉM”
Actualmente ainda existe a ideia estereotipada de que o Artesanato é “produção” de pecinhas baratuchas e popularuchas que os habitantes do interior rural manufacturam, para ocupar as longas noites de Inverno, depois de um dia passado na lavoura, uma vez que não têm mais nada com que se entreter. Tal dedução vem a propósito de comentários que costumo ouvir nos locais onde exponho os meus Quadros, como por exemplo:
– Então… é com isto que o senhor se entretém?
– Não. Artesanato não é um entretenimento. Pelo contrário, é um emprego como outro qualquer, que me ocupa oito e mais horas por dia, demorando três semanas a manufacturar o Quadro mais pequeno, enquanto que o maior demora três meses. Estes Quadros requereram um trabalho minucioso de pesquisa. Só para elaborar os riscos e manufacturar os protótipos demorei três anos.
O artesanato não é um entretenimento. É a produção de peças de arte de baixo número de exemplares e até peças únicas, todas elas assinadas, responsabilizando-nos assim pela sua qualidade. É a verdadeira venda-directa do produtor ao consumidor que realizamos, quer nas nossas oficinas, quer nas Feiras de Artesanato que fazemos por este País fora e às vezes, no estrangeiro.
O artesanato não é um entretenimento. É a manufactura de peças de arte por artífices segundo tradições que vêm da noite dos tempos. É a descoberta de Artes e Ofícios, com novos materiais, novas técnicas, outros design, que irão conquistar o seu espaço nos tempos futuros.
O artesanato não é um entretenimento. É o sábio aproveitamento dos recursos naturais utilizando matérias-primas que, às vezes, acompanhamos desde a sua sementeira. É uma paixão, uma filosofia de vida, é a feitura de peças de arte com as nossas mãos, com métodos amigos do ambiente.
O artesanato não é um entretenimento. É uma actividade económica realizada por nano e micro empresas, principais catalisadoras da economia Portuguesa e mesmo Europeia.
António Adauta
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